O ÓBVIO NEM SEMPRE É A REALIDADE

Certo homem (vou chamá-lo de Gil), numa manhã de domingo, pega um trem e, como a maioria dos passageiros, aproveita a viagem para reflexão.  

            Percebeu, aos poucos, muitos passageiros entrando a cada estação. Uns cochilavam, outros liam – inclusive ele. Enquanto estava envolvido em sua leitura, notou que um homem embarcou com algumas crianças. Logo, elas deram início à bagunça.

            A criançada corria de um lado para o outro do vagão, gritando e lutando umas com as outras. O pai não mexia sequer um dedo para coibir tudo aquilo. Passageiros mais idosos mudavam de lugar, visivelmente irritados. Gil esperava com paciência que o pai restaurasse a ordem com uma bronca de leve, uma pequena repreensão ou qualquer expressão de autoridade – mas, nada!  

            A tensão toda se transformava em frustração! Por fim, Gil voltou-se para o pai e disse educadamente: “Talvez o senhor possa restaurar a ordem aqui se pedir aos seus filhos que se acalmem e sentem.” Sem hesitar, o pai responde: “Eu sei que deveria fazer alguma coisa. Estamos vindo do hospital. A mãe deles morreu faz uma hora. Eu simplesmente não sei o que fazer ou dizer a eles.”

            

 Há algo que preciso lhe dizer: A compreensão mobiliza a compaixão, qualidade que nos torna capazes de perdoar aquele que está fraco. Não devemos ficar apenas de braços cruzados, acusando, sem primeiro tentar compreender o nosso próximo e ver nele a fragilidade que o conduz ao fracasso.

            Quando levaram a mulher adúltera a Jesus, todos estavam determinados a apedrejá-la, porém, Ele não foi precipitado, antes foi piedoso e compreensivo, livrando-a daquele momento de condenação e morte. Você pode conferir o episódio a que me refiro, no evangelho de João, capítulo 8, dos versículos de 1 a 11. Até hoje, a voz de Jesus ecoa destruindo todo ódio: “...aquele que não tem pecados a apresentar pode atirar agora a sua pedra.” (v.7)

            Amados, a compreensão é a arma de Deus contra qualquer guerra, seja ela interior (com você) ou exterior (contra o próximo). Há pessoas que não perdoam a si mesmo, vivem se culpando por seus atos e estão terrivelmente dominadas por seu passado. Lembre-se do que Jesus disse à mulher: “...Nem eu te condeno, vá e não peques mais.” (v.11)  

            
 Percebeu como dificilmente a realidade é aquilo que nos parece óbvio? Que Deus possa abençoar cada dia mais a sua vida! Saiba que se compreendermos e perdoarmos sempre, seremos pessoas sadias e libertas de verdade. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.” (Mateus 6:14)